Desculpa
- Iris Tassinari
- 18 de abr.
- 1 min de leitura
Queria saber quando foi que eu aprendi a escrever. Mas queria com precisão de data, minutos, segundos, a roupa que eu usava e penteado de meu cabelo. Queria saber qual era a capa do meu caderno, queria saber se meu lápis tinha borracha na outra ponta, queria saber o nome completo da professora Letícia. Culpada. Se não fosse por ela, hoje não poluiria o mundo com essas palavras ridículas que não dizem nada e não causam nada e não fazem nada e não remetem nada e nada e nada e nada e nada e nada. E não tem beleza alguma e não tem ética alguma e nada e nada e nada e nada.
Talvez se eu soubesse exatamente, pudesse então dar um jeito de voltar lá e garantir que a ponta do lápis estivesse quebrada, que a porta estivesse trancada pra mim. Daria um jeito! Reverteria esse erro. Estou cansada de errar tão profundamente por tantos anos e acabei de começar minha vida.
Iris Valim
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