Amor Barato
- Iris Tassinari
- 22 de fev.
- 1 min de leitura
Atualizado: 18 de abr.
Você cobra caro por um amor barato.
E eu, que nunca pechinchei carinho, me vi pedindo um desconto. Seu amor oferece serviço de flores e desculpas, mas não nessa ordem. Você oferece boas histórias, muitas risadas e pouco afeto, pouca casa.
Eu, acostumada com amores baseados em alicerces sólidos, me vi pechinchando amor de areia de praia.
Naquele dia, o vento soprava forte no meu coração, mas o que partia meu espírito era a água gelada do seu. Seu gelo me arrepiava, e palavras frias se infiltraram na ventania do meu coração.
Eu, que sempre tive mãos quentes, vi meu corpo congelar diante do seu.
Naquele primeiro dia de preço alto, chorei.
Sempre tive amor barato, daqueles que se encontram em barraquinhas de esquina e se chocam com a qualidade de produtos quase gratuitos.
Desses também que, vez ou outra, vêm quebrados, remendados ou faltando uma peça.
Barato.
Sempre amei barato e com orgulho. Nunca me pediram desconto, sempre tive seis estrelas e muitos "não sei lidar com tudo isso assim tão logo".
E eu dizia: “Pois pronto! Até parece que amor tem tempo de preparo!” e me retirava.
Mas pelo seu amor, fiquei e me vi pechinchando.
Me vi implorando para que ficasse só um pouco mais barato, e então eu trabalharia mais para acessá-lo, mesmo que só conseguisse comprar um pouco.
Sua amostra grátis era tão boa, vinha com serviço de flores e desculpas... vinha com desculpas e flores...
Eu, afinal, pechinchava por um político e um jardim.
Iris Valim
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